sábado, 31 de janeiro de 2015

A IMPORTÂNCIA DO PSICOPEDAGOGO NO TRATAMENTO DE AUTISTAS


Dentre as diversas formas terapêuticas as quais uma criança autista necessita, a intervenção psicopedagógica é extremamente importante para o desenvolvimento intelectual dos “anjos azuis”.
O desconhecimento acerca da atuação do Psicopedagogo por parte dos pais e professores, impede a oportunidade de otimizar a aprendizagem, através do estímulo, descoberta de potencialidades, reabilitação cognitiva, socialização, treino comportamental através do lúdico, o que garante um avanço extraordinário no desenvolvimento do aprendizado e, consequentemente, no rendimento escolar.
O Psicopedagogo, além de investigar, detectar e intervir nas causas que estão levando ao fracasso escolar e os fatores que limitam o aprendizado, atua na orientação dos familiares quanto as suas posturas e também os profissionais envolvidos diretamente com esse aluno autista.
O Psicopedagogo, precisa, além do seu conhecimento teórico - prático, ter a sensibilidade em compreender que uma criança autista aprende, mas também ensina, pois toda a bagagem que ele carrega consigo deve ser considerada. Através desse conhecimento, respeitando suas limitações, é possível aprender e ensinar. Cabe ao Psicopedagogo intermediar o relacionamento entre ensinante e aprendente na construção de um vínculo prazeroso e saudável.
A criança autista tem aversão a ambientes agitados e desorganizados, então, é importante trabalhar o tom de voz. A fala deve ser serena, explícita e pausada. Seus interesses restritos são ferramentas preciosas para o psicopedagogo trazer à sessão a atenção da criança e possibilitar a socialização e o aprendizado.
É de vital importância tratá-lo pelo nome e comunicar de forma simples a atividade proposta e antes de propor, o psicopedagogo deve executá-la.
O jogo é o melhor e mais completo instrumento a ser utilizado, resgatando e preparando para aprendizagem, visto que ele abrange os três estilos de aprendizagem; visual, auditivo e sinestésico, desenvolvendo, assim, a cognição, competências fundamentais para o futuro.
Dessa forma, contribuirão para melhor desempenho do autista e para integração das várias dimensões do seu conhecimento afetivo, motor, cognitivo e social.
  


A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA PRÁTICA PEDAGÓGICA


O passo inicial para nosso entendimento acerca da ludicidade refere-se a compreensão etimológica da palavra. Ludicidade, provém do termo lúdico que, do latim “ ludus”, significa jogo.
É preciso conscientizar que a sala de aula é um ambiente que precisa proporcionar a construção do aprendizado. Quando falamos em aprender, nada é acabado ou estagnado, tudo está em constante transformação e adaptação. A educação, em seu sentido mais amplo, também está em progressiva renovação, buscando novos caminhos e alternativas à práticas pedagógicas que viabilizem um aprendizado mais prazeroso, pleno de significações, que instigue o educando a construir seu próprio conhecimento, desenvolver capacidades, tornando-se crítico sobre a realidade a qual está inserido. A prática lúdica é uma opção que visa o desenvolvimento pessoal, sendo portanto, capaz de colaborar na formação de adultos construtivos e independentes.
A prática da ludicidade na sala de aula, provoca o aluno em todas as suas habilidades, é uma alternativa que traz grandes benefícios ao desenvolvimento humano em formação. O lúdico proporciona uma nova maneira de aprender e de se desenvolver. Quando se fala em brincar não é simplesmente brincar, existem regras, objetivos educacionais, situações que podem ser exploradas. Os jogos em sala de aula ou em outro ambiente escolar, bem conduzidos provocam o interesse pela disciplina e pelo conteúdo. Num simples jogo, o aluno terá que que estudar a melhor estratégia de jogar e vencer, usando raciocínio, a lógica, a forma de relacionamento entre os participantes, estimulando o espírito de competitividade sem deixar de lado o espírito de cooperação, afinal, as atividades não são apenas competitivas.

Sendo assim, a ludicidade representa um caminho para envolver os alunos a um aprendizado de conceitos construídos importantes à leitura do mundo que podem e devem exercer.

APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO


Levando em consideração que o sujeito alvo do trabalho psicopedagógico é um ser biológico e que ele é composto de contextos afetivos, orgânicos e sociais, podemos afirmar que todo o seu desenvolvimento físico e mental depende, ao longo de toda a sua vida, da influência dos agentes externos de natureza física e social. Esses agentes atuam sobre o seu organismo e sobre seu estado de espírito, estimulando suas capacidades e aptidões.
O desenvolvimento geral do indivíduo depende das suas potencialidades genéticas e das habilidades aprendidas ao longo da vida. A aprendizagem está diretamente relacionada com o desenvolvimento cognitivo.
A cada estágio da vida o indivíduo aprende algo, levando em consideração o seu processo de maturação biológica e permite ao sujeito compreender o meio que está inserido, promove maior relação e interação com aquilo que o cerca, seja a si próprio e garante um ajuste ao ambiente físico e social.
O desenvolvimento cognitivo envolve algumas questões importantes como receptações de informações, organização e interação do material aprendido na estrutura cognitiva para que seja processado garantindo o aprendizado.
Nesse contexto, a inteligência desempenha uma função adaptativa, pois através dela que o indivíduo coleta informações do meio e as reorganiza de forma compreender melhor a realidade em que vive, gerando uma ação e uma transformação. Quando Piaget usa a palavra adaptação refere-se ao conceito da palavra usado pelas Ciências Biológicas, ou seja, uma modificação ocorre no ser em decorrência da sua interação com o meio.
A Psicopedagogia desenvolve um trabalho de prevenção, diagnose e intervenção dos fatores que interferem no desenvolvimento do sujeito e que acarretam às dificuldades de aprendizagem. Ela busca criar competências e habilidades para solucionar esses problemas.
O grande desafio da Psicopedagogia está em sanar essas dificuldades levando em conta não só a relação entre o sujeito e o objeto do conhecimento, mas os fatores que interferem essa interação (familia, escola, fatores cognitivos). O psicopedagogo lida com diversas pessoas envolvidas, investiga os erros que acometem a construção do conhecimento, revisa processos, propõe novos métodos de ensino, além de reconstruir uma proposta de aprendizado mais afetiva, seja na orientação de familiares e professores.

Sendo assim, é possível concluir que o desenvolvimento humano, em todas as suas fases e seus estágios de maturação revelam, à luz da Psicopedagogia, uma avaliação segura do mecanismo de aprendizagem, atendendo com eficácia as necessidades educacionais dos que atravessam dificuldades durante o processo da construção do conhecimento.

O CÉREBRO E APRENDIZAGEM



Embora o Sistema Nervoso apresente diversos tipos de divisões, sejam as morfológicas ou funcionais, todas as estruturas e componentes neurológicos trabalham de forma harmônica, pois a integração garante a manutenção e a estabilidade das suas funções, tendo em vista que um   dos critérios de divisão funcional do SN é justamente a relacional, ou seja, o organismo se relaciona com o meio ambiente. Se resgatarmos a origem do SN, os primeiros neurônios surgiram na superfície externa dos organismos, assim como tomando como referência os três folhetos embrionários, é o ectoderma que está em contato com o meio e na embriogênese é do espessamento desse folheto que nasce o indício da formação do SN por volta da terceira semana de gestação.
Graças a incrível capacidade de plasticidade cerebral, o cérebro pode sofrer diversos tipos de alterações e adaptações a cada vez que ele é estimulado, modificando –se anatomicamente. O cérebro armazena fatos de forma separada, mas a aprendizagem acontece quando, através das sinapses, ele realiza associações em decorrência de novos estímulos e o papel não só dos psicopedagogos, mas dos educadores em geral é saber proporcionar estímulos adequados a cada fase do desenvolvimento do sujeito tendo como objetivo a construção do aprendizado.
É bem verdade que a aprendizagem está diretamente ligada aos processos emotivos e que a memorização é deveras importante para que o aprendizado se concretize. É possível constatar essa afirmação quando paramos para pensar em situações já vivenciadas por nós, como uma festa de aniversário surpresa, a perda de um ente querido, aquela nota dez em matemática. Todas tiveram o fator emocional como a alavanca pra que essa experiência ficasse “tatuada” no cérebro. Isso acontece porque ocorre ativação do sistema límbico através de neurotransmissores que aceleram os circuitos cerebrais, facilitam o armazenamento das  informações , bem como o resgate das que estão guardadas. Embora nem todo aprendizado seja facilitado pela emoção, há uma outra forma de memorizar estímulos não muito agradáveis e tediosos, através da repetição.
Sendo assim, a aprendizagem para ser significativa e atender as exigências neurológicas que garantem uma boa memorização, deve contar com um plano de aula diferenciado que estimule o aluno a interação constante com o objeto do conhecimento, além da habilidade do educador em discernir o canal de aprendizado que gera maior facilidade de compreensão em cada um de seus alunos, levando em consideração as diferenças biológicas, sociais e psicológicas e o tempo de maturação neurológica individual.